sábado, 17 de novembro de 2012

A necessidade de se criar uma moda brasileira no século XXI

Ao longo de todas as décadas do século XX quanto ao comportamento, política, criações, música, cinema e etc que foi refletido na moda; chegamos a pergunta final: E nós, brasileiros do século XXI, sobreviventes de uma virada, o que somos? O que um aluno em 2070 escreveria sobre nossos padrões de moda nesse final de primeira década (2012)? Com todos esses questionamentos, percebo que cada vez mais os estilistas sentem uma necessidade de escrever uma moda que seja brasileira. Porque convenhamos, não existe “moda do Brasil”, e sim “moda no Brasil”. Mas, o que seria uma moda de caráter nacional verde-amarelo? Curupira, Yemanja, a renda das Baianas, o poncho gaucho, a tanga do Índio, saci perêrê, a estampa que cobre o Boi Garantido e etc. Muitos crêem que isso seja o que forma a expressão de moda genuinamente brasileira, eu discordo. Tudo isso são apenas figuras folclóricas ou trajes típicos, nenhum alemão/chinês/canadense ou o que for conhece. Precisamos construir um jeito que de longe qualquer pessoa perceba que tenha caracteres do nosso país, assim como o Japonês que já se fixou como uma roupa mais fechada, individualista e minimalista. Ou Europeu que é mais modernizado, contemporâneo, mas mesmo assim fechado. O resultado de todo este desespero em se criar vem sendo a saturalização da carreira de estilista, hoje em dia esta profissão é sinônimo de glamour, paete e ostentação. O que o público não consegue enxergar é toda essa nossa história, e campo minado em que ela está preste a entrar. Fácil desenhar 7 peças para uma loja de departamento, mas quem quer criar algo diferente? Quem quer criar algo para construir nossa história? Quem quer por a mão na massa e trabalhar anos para entrar em um calendário da São Paulo Fashion Week? Quem quer enfrentar os impostos, industrias, escassez têxtil de valor nacional, maquinário caro e público cada vez mais difícil de se conquistar? Afinal, e a tal da moda brasileira?
 Em junho de 2004, Jum Nakao faz uma coleção feita toda de papel, ao fim do desfile as modelos rasgam todas as roupas. Nessa época começa a popularização total dos fast fashions (lojas a qual vendem roupas a preços bem menores).
 Em junho de 2012 os estilistas brasileiros se reúnem no desfile da Cavalera com uma camiseta escrito “Presidenta Dilma, precisamos falar com você, a moda agradece”.
Primavera/Verão 2005 com a passarela transformada em um jardim composta de diferentes flores

Janeiro de 2008 Cavalera mostra seu desfile às margens do rio Tietê, em protesto contra a poluição.
Verão de 2009 Amapô apresenta coleção sem estampa nenhuma (principal característica da marca). Apenas modelagem bem trabalhada e cores
Em janeiro de 2005 a Neon estréia na SPFW, marca que futuramente seria a queridinha de todos no calendário paulistano.