domingo, 26 de setembro de 2010

May I have a word?

Andei ausente e vou tentar me explicar: eu enjoei. Enjoei da moda de ultimamente, na verdade, andei enjoando de tudo. Parece que a criatividade foi embora, nada mais me chama a atenção, acho que as pessoas buscam tanto essa atenção, que a simplicidade se destaca mais. Vocês me entendem?
Hoje eu fiquei pensando por muito tempo nos nossos tempos, na minha geração inclusive. E cheguei a uma conclusão triste, nós não temos referências. De verdade, quem ultimamente é um ponto de referência para nós? É absurdo pensar que uma mulher num vestido de carne chamou mais atenção do que uma iraniana que, sob acusação de adulterio, estava sendo julgada e ameaçada ao apedrejamento. Sim, um vestido de carne não se vê todo dia, sim, chama atenção...mas chama atenção pra quê, exatamente?
Não que eu ache que todos nós deveríamos sair as ruas gritando por alguma coisa, mas se pudéssemos...pelo que gritaríamos? Hoje está tão comum ser rebelde, que a rebeldia em si perdeu o sentido de ser, ok, vamos lutar, mas lutar pelo quê? O mundo está perfeito? Eu dou a resposta: não está.
Hoje alcançamos uma liberdade nunca vista antes, a internet alcança todos os cantos do mundo, conecta pessoas que nunca se viram na vida, apenas por suas idéias, e ai eu penso, antes de nós, quantas pessoas lutaram por essa liberdade que a gente tem hoje? E o que a gente faz com ela? Parece que hoje, mesmo com todas as possibilidades, nós temos menos voz do que antigamente, tá tudo muito vazio, muito perdido, ninguém sabe pelo que correr atrás.
E a moda, sendo uma arte, também reflete nisso, a criatividade simplismente se esvaíu, dificilmente acho um designer que coloque nas passarelas algo que eu nunca tenha visto, algo que me chama atenção, algo que tenha algum propósito.
Moda é diversão sim, mas também é um meio de atingir a massa, de afirmar um ponto de vista. Nós precisamos de mais perguntas, precisamos ser questionados e instigados, precisamos dar valor ao que construiram pra gente,
Parem e pensem: essa década vai ser marcada pelo que? De que serviu as mulheres queimando sutiãs, de que serviu as pessoas na rua pedindo liberdade de imprensa?
Meus pensamentos ficaram confusos, mas o que eu queria dizer é que precisamos de exemplos, de formadores de opinião. Ou algo assim, tem tanta coisa na minha cabeça que nem sei mais o que falar.
Se alguém chegou até aqui, obrigada por ouvir meu desabafo, confio na caparicade intelectual das pessoas que lêem o enjoy pra falar esse tipo de coisa. E espero, de verdade, que assim como eu, alguém pare pra pensar,

E fiquem com a foto do meu exemplo, de alguém que realmente vale a pena se admirar.
Audrey Hepburn, atriz, mulher, mãe, embaixadora da UNICEF e meu maior orgulho

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